O atípico e conturbado ano de 2019 se encerrou de maneira um tanto quanto positiva para o Figueirense. Com a permanência garantida na Série B do Campeonato Brasileiro e finalizando a competição com 12 jogos de invencibilidade, o futebol alvinegro tem outro motivo para comemorar: ao longo da temporada, a comissão técnica perdeu poucos atletas por motivos de lesões. A atuação destacada do Departamento Médico e da equipe de preparação física do Furacão foi fundamental para esse acontecimento, que ficou enfatizado em entrevista de representantes desses setores à Rádio Figueira, antes da partida contra o Operário (PR), no último sábado (30).
“Foi um ano totalmente atípico. Participamos de uma situação que transcende o futebol, os treinos, e o que estamos acostumados a fazer no dia a dia. Mas, na área física, conseguimos manter uma situação linear desde o começo do ano. Não tivemos mudanças em relação a padrões de treinamentos, e isso fez com que a gente conseguisse suportar bem a temporada, falando especialmente sobre lesões musculares, e chegar nesse final com um alto nível de competitividade”, afirmou Norberto Cabral, Preparador Físico do Figueirense, que concluiu: “mesmo com mudanças no comando técnico, mantivemos um padrão, com exercícios preventivos, e uma pré-temporada muito bem feita. Isso fez com que chegássemos ao final do ano com o tanque cheio”.
“Temos um cuidado muito grande ao interpretar cada atleta. Existe uma peculiaridade chamada ‘identidade biológica’, onde nenhum jogador é igual fisicamente ao outro. Cada um vai suportar e assimilar de uma maneira o treino que vamos aplicar. Cada um possui uma característica. Dentro disso, analisamos todos os marcadores físicos, com auxílio do GPS, e tentamos individualizar, de acordo com os indicadores de cada atleta”, destacou o Fisiologista do clube, Almir Schmitt. “Todos os jogadores passam, antes de iniciar os treinamentos, por uma bateria de avaliações, como variação de peso, locais com dores, nível de cansaço acumulado, entre outras. São situações que precisamos administrar. Quando o atleta vai pro campo, já aconteceu muitas outras coisas”, emendou.
A integração entre os setores e a adaptação do trabalho físico com a parte técnica foi outro ponto destacado por Almir. “A fisiologia conversa com a preparação física, com o Departamento Médico, com a fisioterapia, a nutrição e com o treinador. O fluxo de informação precisa ser muito bom. Temos que trabalhar em conjunto, todas as áreas que englobam a comissão técnica. Todo mundo teve uma grande competência durante esse ano. Chegamos ao final da temporada, mesmo com tudo que aconteceu, com bons valores físicos. Estamos no final do ano e não temos no Departamento Médico nenhum atleta com lesão muscular”, analisou.
Rodrigo Reis, um dos fisioterapeutas do Figueirense, está no clube há quatro anos e tem uma importante função na recuperação dos atletas. Rodrigo comemora um objetivo alcançado pelo Departamento Médico do clube na temporada, que foi reduzir o número de lesões e deixar os atletas o maior tempo possível à disposição da comissão técnica.
“Os resultados finais de preparação física e o baixo número de lesões na temporada foram uma vitória para nós depois do ano conturbado que tivemos. Nós, do departamento médico, estamos sempre voltados a tentar controlar o número elevado de lesões, e conseguimos esse objetivo, que é deixar os atletas o maior tempo possível disponíveis para a comissão técnica”, afirmou, ao completar. “Na fisioterapia, entramos em ação quando os atletas entrem no momento de descanso. Temos o tempo de descanso para deixa-los não 100%, mas o mais próximo disso para o jogo seguinte. Nosso trabalho é uma corrida contra o tempo. Felizmente, mesmo com todas as dificuldades, conseguimos um resultado muito bom”.
O trio de entrevistados projeta ainda mais evolução para o próximo ano. Os treinamentos de pré-temporada e padrões estabelecidos pelo clube facilitam o processo de avaliação inicial dos jogadores, principalmente dos atletas que são contratados pelo Furacão.
Os números
O Figueirense finalizou o ano de 2019 com um total de 65 lesões. Vale destacar que são consideradas lesões quaisquer período inativo dos atletas ocasionados por dores, incômodos ou desconfortos. Em comparação ao ano de 2018, o número representa um grande avanço, já que, somente no primeiro semestre do ano passado, o departamento de futebol registrou 63 lesões – praticamente o mesmo número de todo esse ano. A temporada passada foi encerrada com um total de 109 lesões.
Ainda levando em consideração o número de lesões de 2019, cerca de 50% delas tiveram um período curto de recuperação – entre 1 e 7 dias. Ou seja, praticamente metade dos afastamentos dos atletas foram de, no máximo, uma semana.
“Esses números são fruto de um trabalho integrado, de todas as áreas. Conseguimos fazer um bom trabalho preventivo e recuperativo durante todo o ano. O comprometimento dos atletas também foi fundamental para que tivéssemos esse desempenho em 2019”, declarou Almir.
Ouça, na íntegra, a entrevista dos profissionais à Rádio Figueira: